domingo, 13 de fevereiro de 2011

Like a Clockwork Orange ( 9th Symphony by Jethro Tull)



Análise do filme Laranja Mecânica

Indicado ao Oscar de melhor filme, Laranja Mecânica é fascinante, bizarro em algumas cenas, mas acima de tudo, um filme inteligente. Evidencia o desvio de comportamento, demonstrado brilhantemente por Alex De Larg. Apresenta um elemento psicossocial, o Behaviorismo, método que foi utilizado para condicionar Alex, como por exemplo, o soro experimental, onde a violência foi substituída pela ânsia de vômito. O Behaviorismo é determinado pela análise do comportamento, objeto de estudo da psicologia. Alex tinha instinto natural da violência o que fez lembrar-me outro filme, “Assassinos por Natureza”, onde Mickey Knox (Woody Harrelson) e Mallory Knox (Juliette Lewis) se uniram pelo desejo natural de matar.

Retornando ao Laranja Mecânica, o filme retrata a violência de jovens delinquentes liderados pelo egocêntrico Alex. Achei fascinante o contraste de beber leite, que aparentemente representa saúde, pureza e a música clássica, que segundo definição de alguns dicionários seria qualquer música em que a atração estética resida principalmente na clareza, no equilíbrio, na austeridade e na objetividade da estrutura formal. Essa definição da música clássica foge a regra para Alex, para ele representa à subjetividade, o emocionalismo exagerado, a falta de limites usando para tanto como parte de sua necessidade de violência desenfreada.

Outro exemplo de contraste é quando Alex estupra a mulher do escritor e espanca-o, cantando “Singin’ in the Rain”, Cantando na chuva, que é de tema levíssimo, alegre.
Um abre aspas, lembrei de um filme agora, Contagem Regressiva, onde o brilhante ator Tommy Lee Jones, escuta U2, a música With Or Without You, enquanto prepara uma bomba. Noutra cena desse filme, lembro-me da 9ª sinfonia de Beethoven contrastando com cenas de estrema violência, de bombas destruindo locais e pessoas. Parece que a música de certa forma tem forte ligação com algumas mentes doentias, e repito, de certa forma parece fascinante essa combinação. Retornando ao Laranja Mecânica, Alex faz essa combinação da música, da boa música, com a necessidade, o desejo natural de cometer violência. A 9ª sinfonia de Beethoven, por exemplo, era sua preferida. Dentro do universo musical de Alex, a música transcendia os limites do comum e não é diferente o que penso da música, o que muitos pensam, aliás. Algumas sinfonias, como as de Bach, Mozart, como o próprio Beethoven, são intensas, carregadas em algumas notas, em alguns momentos, misteriosas em outros. Podemos senti-la eriçar a pele, tocá-la, é possível sentir a presença de algo inigualável, mágico, a música tem alma! Eleva a mente a um nível que é preciso ter o controle das emoções, emoções estas que podem aflorar segmentos da mente nunca experimentados antes. E acho que o escritor do romance que inspirou o filme Laranja Mecânica, o inglês Anthony Burgess, tinha essa percepção da música. Brahms se refere à música de Beethoven dessa forma: "ouvi-la é como escutar atrás de si o ressoar dos passos de um gigante". O que faz lembrar-me de outro filme, “Minha Amada Imortal”, que tem como tema principal um amor secreto de Beethoven. Numa cena em que Beethoven está completamente surdo, a sinfonia está impregnada na mente dele, brilhantemente ele conduz a orquestra. Enquanto isso recorda a infância, do pai violento, me emocionei bastante. Beethoven fecha os olhos e a 9ª sinfonia está lá, junto das imagens de violência de sua infância.

Retornando, Alex tem o perfil de um desequilibrado mental, um alucinado que despreza a lei, a sociedade, a família e a religião. Um exemplo são as esculturas que tem no quarto de Jesus Cristo na cruz, sem tapa sexo, com pênis exposto. E o que é mais interessante é que isso não deixa de ser fascinante, não o Cristo nu, mas a forma diversa como conduz sua vida. Na prisão tem a opção por uma sentença condenatória longa ou a submissão a um tratamento experimental que lhe faria sentir aversão a violência. Alex aceita ser cobaia no tratamento experimental, assim a reversão de Alex é feita a partir de imagens televisivas e sons. Com o tratamento, além da aversão pela violência, não poderia tocar em uma mulher nua e como efeito subsidiário não ouviria mais a 9ª sinfonia de Beethoven, sua favorita como já disse. Em um primeiro momento entendi que como a música tinha ligação intrínseca com a violência, pudesse fazer parte do tratamento. Sendo que uma coisa ligaria a outra, seria natural que a música fosse banida juntamente com a violência.
Antes do tratamento, quando Alex comete seu primeiro homicídio, ele é traído por seus companheiros, que já não aguentavam seu jeito de comando e seu egocentrismo. O instinto doentio e incoerente de Alex, além de outros crimes, faz com que ele mate uma mulher. A morte passou a significar que Alex pouco se importava com as pessoas, era normal para ele ser totalmente despido de sentimentos.

Depois do tratamento, Alex perde a capacidade de se defender, os pais alugam seu quarto e entregam ao hóspede o aparelho de som. Sem a cobra de estimação, que foi morta, deprimido começa a perambular pelas ruas de Londres. Apanha violentamente de dois policiais, ex- amigos da gang que ele comandava. Depois vaga pelos bosques até chegar à casa da mulher que estuprou, o marido dela, o escritor deixa-o entrar, dá bebida a Alex e tenta fazer com que ele se suicide tocando uma versão da 9ª sinfonia de Beethoven. Alex joga-se da janela, porém sobrevive, depois de recuperar-se no hospital, recebe a visita do Ministro do Interior, o mesmo que havia selecionado Alex para o tratamento experimental. Após desculpar-se com Alex pelas consequências do tratamento, diz que o governo oferece trabalho caso ele aceite apoiar na eleição do partido conservador. Ao final do filme entende-se que Alex retorna ao estado anterior, porque vê uma fantasia e pode escutar novamente a 9ª sinfonia de Beethoven.

O filme demonstra nitidamente a violência banalizada, não só a violência dos jovens, do uso das drogas, do sexo grupal, da insignificância pela vida humana, mas mostra também a violência da própria sociedade, da polícia. Do poder do governo através da ciência, querendo manipular a sociedade usando para isso experimentos que anulam o próprio ser humano de pensar e agir por si próprio, de seus instintos naturais.

Enfim, vale conferir as cenas bizarras do clássico filme Laranja Mecânica.

Pearl Jam - "Love, Reign O'er Me"



Trilha sonora do filme Reine Sobre Mim. Segue comentário sobre o filme e vídeo.

Reine sobre mim trailer legendado em portugues



Uma análise do filme
Reine Sobre Mim

Charlie Fineman vive imerso em solidão e dor após ter perdido tragicamente a esposa e as filhas no atentado de 11 de setembro. Com essa tragédia inesperada em sua vida, rompe literalmente com o passado criando outra vida, isolando-se do mundo externo. Leva uma vida livre de responsabilidades, onde não precisa trabalhar, nem ter hora para nada. Vive como se tivesse duas vidas onde a primeira rompeu-se com a morte da esposa e das filhas e a segunda que construiu como forma de proteção contra lembranças da primeira vida.

Reforma compulsivamente a cozinha a cada dois meses, ao mesmo tempo em que tenta se livrar do passado usando os fones, o jogo diariamente, o isolamento, de certa forma mantém viva a imagem das filhas e da esposa ao reformar a cozinha, ao tirar os sapatos na porta para não sujar o carpete.

Apenas seu contador e a síndica do prédio onde mora mantém contatos regulares com ele. Foge dos sogros porque eles representam à outra vida que não quer lembrar. Anda pelas ruas com um patinete motorizado e enormes fones de ouvido escutando musica. Nega-se a aceitar a realidade, a perda das filhas e da esposa, até mesmo a cadelinha, sentia-se importante em meio a elas e a solidão, a perda o levou a isolar-se. Cria para ele um mundo paralelo, onde no mundo dele as coisas são diferentes, não há ninguém para importuná-lo ou lembrá-lo da tragédia. Isola-se do mundo real. A música alta pode ser uma forma de driblar os próprios pensamentos que possa ter a respeito delas. São traumas que não são fáceis de superar.

A constante reforma da cozinha está ligada ao fato dele ter se chateado com o pedido da mulher, era vontade dela e das filhas a reforma por esse sentimento de culpa que o fez reformar a cada 2 meses, como uma obsessão o que acredito ser uma realidade quando lidamos com perdas de alguém de nossa família o sentimento de culpa geralmente é o primeiro que vem, porque lembramos das coisas que não fizemos ao invés das coisas boas. A culpa é a primeira a se manifestar, logo lembramos apenas das coisas ruins que fizemos a essa pessoa, as recordações, a saudade, a culpa de não termos sido melhor para a pessoa que perdemos a dor constante, a solidão, essas recordações invadem a mente do doente a qualquer instante e começa a ser uma luta constante, a vida normal vai se perdendo aos poucos, o interesse, a forma de se vestir, o relaxamento com o corpo, com o trabalho, nada faz mais sentido, como demonstra no filme no personagem de Charlie.

A amizade dele com Alan, o amigo que reencontra foi o único vínculo criado que o despertou para a vida, embora Charlie não o reconhecesse, vive completamente alienado do passado, da vida que ele mesmo divide ao dizer “Isso foi em outra vida” quando se refere à faculdade. Alan passa a fazer parte da vida do amigo, sabia do acidente, mas não tinha nenhuma ligação com Charlie e sua família, eram colegas de faculdade, o que facilitou que deixasse o amigo entrar em seu mundo. O reencontro com o amigo o ajuda aos poucos a tentar aceitar a realidade, Alan é um dentista bem sucedido, ama a esposa, mas sente-se preso e busca mais liberdade, espaço que vê limitado dentro da convivência familiar. Alan não está feliz no trabalho, o modo como os sócios o vêem, os pacientes que egoisticamente colocam os dentes em primeiro lugar, como: “existem muitas coisas importantes além de polir os dentes”.

O filme mostra a insatisfação dele com a família e no trabalho, quando os pais reclamam de tudo, a esposa não lhe dá espaço, privacidade, o extremo compromisso que tem quanto ao trabalho e a própria família. Tem muita dificuldade de falar sobre si com a esposa ou qualquer outra pessoa. Alan encontra propositalmente a psiquiatra e fala dele em terceira pessoa, não aceita ajuda, quando fala a ela do sonho que teve “barril de camisinhas” ela percebe de que realmente ele precisa de ajuda. O sonho pode significar a própria vontade de se libertar. O filme mostra, a dificuldade que as pessoas têm em procurar ajuda aceitar, acreditar que precisam de um profissional para resolver certas questões. Alan passa a fazer parte da vida de Charlie com o videogame, o jogo Colossus, a música e os discos, os dois se divertem-se como nunca, começam a se encontrar diariamente, cantam juntos, andam de patinete pelas ruas, os filmes do Mel Brooks que riem muito, o que contraria o jeito de ser do amigo Alan que acaba cedendo, permitindo-se ser mais livre em relação a suas atitudes. Importante destacar que percebi alguns meios que atuam como uma terapia, boas risadas ao ver um comédia, a convivência com um amigo, o vídeo game, com cuidado para que não vicie, embora às vezes apenas mascare a realidade.

A meu ver o jogo “... Colossus” representava para Charlie uma fuga da realidade como ele mesmo diz ao amigo “outra dimensão” que não fazia parte do passado. O amigo Alan acaba por entrar nessa dimensão ainda que temporariamente, desligar-se dos problemas, das responsabilidades do trabalho que o chateava e a falta de liberdade que sentia a respeito da família. A mente humana tem um poder extraordinário de mascarar a realidade, ainda que não seja absolutamente.

Sempre que o amigo tenta fazê-lo lembrar do passado ele torna-se agressivo. Ao tentar ajudá-lo com um psiquiatra na loja de discos, Charlie percebe e fica agressivo porque sabe que não estava ali por acaso. Alan não desiste e acaba convencendo-o a fazer análise com a psiquiatra a que aborda propositalmente. A psiquiatra não consegue fazer com que Charlie fale sobre o assunto, ele tenta desculpar-se dizendo a ela que é muito jovem, até que ele resolve falar ao amigo. Então pela primeira vez fala da morte da mulher, das duas filhas e a angústia que carrega por ter sido grosso com a esposa quando ela liga do aeroporto e pede para que ele não se esqueça de reformar a cozinha. É a última vez que ele ouve a voz dela. Evidencia nessa parte a dor da culpa que sente de ter sido grosseiro com ela, a saudade delas, o amor que tinha a solidão, sentimentos que o reduziram a uma vida alienada.

Charlie entra em crise profunda depois de ter conseguido desabafar sobre a tragédia como se tivesse trazido à tona algo terrível, adormecido, após ver as filmagens do acidente procura livrar-se novamente, bebendo e tentando o suicídio ao não encontrar a munição da arma sai provocando uma situação com a arma sem munição, e como ele mesmo queria, quase é morto por policiais.

Desejava a morte porque mexeram com algo que havia superficialmente adormecido. Na tentativa de ajuda do amigo e da psiquiatra ele revive de forma mais dolorosa o drama da tragédia. É uma luta interna e injusta, uma dor que ultrapassa a compreensão, não é algo que se possa eliminar facilmente. O doente se vê sozinho no mundo, sem família, amigos, e ainda, Charlie havia sido criado por uma tia, os pais haviam morrido quando ele ainda era criança. A perda dos pais talvez não fizesse estrago em sua vida, teria superado com a esposa e filhas, mas a perda dessas o fez adoecer. A ausência delas lhe causava um grande sofrimento, as lembranças, a casos em que a pessoa se torna fria evitando amar novamente, construir uma nova família, pelo medo de uma nova perda, do sofrimento, assim prefere viver sozinho, sem amigos, sem ninguém. Começa a evitar qualquer coisa que o faça sentir carinho, amor, uma maneira de se defender. Como quem agride porque sente medo. Os surtos de raiva são exemplos claros dessa defesa, de não querer falar sobre o acontecido, se mostrar agressivo para ser evitado pelos outros e viver em paz em seu mundo a parte. Outro exemplo foi quando soube da morte do pai de Alan a reação que teve foi de descaso, frieza e queria que o amigo tivesse o mesmo sentimento a respeito da morte do pai, uma forma de ajudá-lo da maneira dele.

Após a incidente é obrigado a ficar numa instituição do governo para exames psiquiátrico e futuro tratamento de estresse pós traumático, considerado pela instituição como doença grave. É retirado de lá pelo amigo e a psiquiatra que não concorda com o método a que querem submetê-lo. No julgamento para decisão em relação ao retorno à instituição o promotor vai além do que a lei possa permitir, de forma cruel mexe profundamente com os sentimentos de Charlie, ao mostrar as fotos das meninas. É como tocar fogos em casa de marimbondo, mexer com quem está adormecido, embora tivesse o lado positivo em relação a Charlie ver a dura realidade, o filme também mostra a inexperiência de quem desconhece uma doença após um trauma. Obviamente que ele teve uma crise, aumentando o volume da música e gritando como forma de não ouvir, fugir daquilo que lhe causa dor.

Mesmo no auge do sofrimento, Charlie revela que está mais preocupado com Alan do que com ele mesmo e, então, é a vez de Alan se encontrar e falar sobre si mesmo e o faz. Alan está sofrendo, embora não seja na mesma proporção, necessita de ajuda, sobrecarregado por sua família e por responsabilidades profissionais vê no amigo a liberdade. Ao mesmo tempo em que ajuda o amigo pede socorro e acaba falando de si mesmo, libertando-se.

Enquanto os traumas não vierem para o mundo real, fica mais difícil o tratamento, o doente precisa querer falar sobre ele o que torna mais difícil ainda é o fato de quem está doente dificilmente aceita procurar um profissional, enquanto não falar sobre o caso esse fica na espreita e a qualquer momento vem à mente, explode em pensamentos e causa uma profunda dor porque a pessoa não consegue se libertar, pode até saber que precisa de ajuda, mas é mais forte que a própria vontade ou necessidade, destrói, muda o comportamento. Os pensamentos agem como monstros dentro da mente, como um vírus que destrói os arquivos dos computadores. Uma comparação simples, se não utilizarmos um bom antivírus no nosso computador, o resultado pode ser danoso a arquivos importantes, que não sejam mais passíveis de restauração.

Por mais que as pessoas relutem a aproximação de um amigo, um familiar é fundamental no que diz respeito ao auxílio, se é difícil à aceitação desses a aproximação de um profissional se torna praticamente impossível. No filme o amigo consegue sutilmente fazer parte da vida dele e de certa forma ao ajudar o amigo ajudou a si próprio, assim como a paciente obsessiva para fazer sexo oral em Alan que não conseguia viver com a traição do marido e a perda do casamento também ao aproximar-se deles começou a tentar lidar com seus problemas. Importante dizer que todos nós temos nossos desajustes, a diferença é a proporção deste, insisto no exemplo do computador que como nosso arquivo “mente” passíveis de vírus desde que conectados a internet, porque estamos expostos a novos acontecimentos, perdas, assim é nossa mente... a internet significa o mundo em que vivemos mais exposto a acontecimentos, quanto mais navegarmos mais corremos riscos de infectarmos nossos arquivos “mentes”. Para tratar traumas como, por exemplo, o do personagem é só com um profissional, a ajuda dos amigos e da família está no sentido de convencer ele a procurar esse profissional que pode tratá-lo.

Uma morte é sempre difícil para quem fica, não só pelo desconhecido, mas a perda, a saudade, o não ver mais aquela pessoa, o fato de poder ter sido melhor para ela. É difícil lidar com ela, e quando não se espera a morte, um sentimento estranho toma a pessoa que só aqueles que perderam podem explicar, embora cada ser humano reaja de forma diferenciada, ela é sempre dolorosa para quem fica. Uma tragédia como foi o caso, faz com quem fica enlouquecer porque vem a mente todas as formas de pensamento, exemplo de quando ele fala da mancha de nascença da filha que ele não quer mas não consegue se livrar desse pensamento quando imagina a mancha queimando, se tortura com esse pensamento, talvez como uma forma de castigar-se. Quando se sabe que alguém que amamos tem uma doença grave, sem volta, estamos apenas aguardando o momento dessa pessoa morrer, mas quando ela vem em tragédia é como as pessoas de nossa vida simplesmente evaporassem, a forma como ela vem, pode ser bem mais danosa a uma pessoa que fica. As filhas dele, crianças, certamente quem perde filhos tragicamente, os que perderam se pegam imaginando como foi, havia pedaços do corpo? Sentiu dor? Onde foram parar? Em caso de acidentes violentos como o do 11 de setembro, queimaram rápido? É uma verdadeira tortura. Dificilmente os pais temem sua própria morte, eles temem perder aqueles que amam principalmente perder os filhos, porque pela regra da natureza deveriam ser os últimos a morrerem e muitas vezes morrem primeiro que os pais de forma violenta e a notícia da morte quando chega de forma inesperada, caso do filme em que ele viu a reportagem do acidente do avião e era o vôo da esposa e filhas. Acho complicado para um ser humano conviver com uma perda que chega num piscar de olhos, num momento se tem tudo, uma família, um emprego, uma vida normal, feliz e de repente num piscar de olhos, como um mágico sob um lenço que tira do bolso faz desaparecer uma pomba branca e linda, a diferença que a pomba reaparece no próximo número, as vidas são para eternidade.

Uma lembrança ruim pode ser como o câncer que destrói as células ou como um vírus que destrói arquivos. A vítima dessa perda acaba por renunciar a si própria, não quer ser tratado, não vê motivo para viver, importante destacar que cada ser humano age diferentemente a reações como tragédias, uns conseguem lidar com o problema outros ficam doentes.

O filme mostra não só a vida de Charlie como de Alan e a paciente da psiquiatra Angela, a personagem mostra a dificuldade que algumas mulheres tem a respeito de não conseguir lidar com uma separação, que não deixa de ser uma perda. No final é bem interessante a parte que mostra os três juntos no apartamento. A aproximação mostrou a preocupação que cada um deles tinha a respeito do outro, uma espécie de ajuda mútua, embora cada caso fosse um caso.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Procura da Felicidade



A Procura da Felicidade
A procura da felicidade, do gênero drama é uma lição de vida, impossível não se emocionar com a história. Chris Gardner, interpretado brilhantemente por Will Smith, é um pai dedicado que fracassou nos negócios, mas nunca perdeu a esperança de um futuro promissor. Ele tenta reverter à situação financeira e conjugal, mas fracassa e a esposa vai embora deixando ele e o filho, as dificuldades financeiras se acentuam ainda mais, obstinado ele tenta passar por tudo sem envolver o filho. De certa forma lembra o filme “A Vida é Bela” dos anos 40 na Itália de Mussoline, onde Guido, (interpretado por Roberto Benigne) é levado para um campo de concentração nazista e para não envolver o filho na triste realidade da segunda Grande Guerra, faz com que o filho acredite que estão participando de uma brincadeira, para protegê-lo. O filme aborda a relação de pai e filho, observada em A Procura da Felicidade.
Apesar de todas as dificuldades, Chris ensina ao filho Christopher preciosas lições de vida, diz a ele que nunca deve desistir de um sonho. Dá exemplo de perseverança, na cena em que Gardner jogava basquete com seu filho. Nesta mesma cena, fala também sobre a inveja, diz a ele que nunca deve ligar para isso, para o que os outros dizem dele, e que nada deverá ficar entre seus sonhos e a realização. Não deixa de ser um filme de auto-ajuda para aqueles que por muito menos desistem de seus sonhos.
Após um período ruim com o filho, dormindo em banheiro público, albergues ele consegue uma vaga de estagiário numa importante corretora de ações, mas não recebe salário pelos serviços prestados. Tem a esperança que, ao fim do programa de estágio, seja contratado pela empresa.
Outras cenas foram emocionantes, como a dele ter sido admitido como corretor, como quando dormiram num banheiro público, nessa principalmente percebe-se que ele sente medo pelo filho que dorme um sono inocente, quando alguém bate fortemente na porta. Outra cena em que ele diz que todos pareciam felizes e porque ele não poderia ser feliz, nessa cena ele pergunta conversa com um homem e faz brincadeiras a respeito do carro dele. Pergunta como conseguiu, o homem diz que era corretor de ações, que bastava ser bom com números e com pessoas. Chris coloca em sua cabeça que conseguirá também, passando por muitos obstáculos angustiantes, no final ele sabe o que é felicidade, vai buscar o filho, abraça-o... Ele é um vencedor, tem sua própria corretora. Um pai exemplar, dedicado onde a mãe é uma figura secundária, não aparece mais depois de ter deixado marido e filho. Instiga saber o que ela diria depois do sucesso dele, do amor incondicional dele pelo filho, que ela não teve. Outra cena foi quando o filho pergunta se o fato da mãe ter ido embora foi culpa dele, bastante comum em separações dos pais, também abordados em outros filmes e na vida real. Bem, muitas cenas no filme são emocionantes, vale conferir. Uma história fantástica, emocionante, de luta pela felicidade, quem procura acha, ele procurou a felicidade e a encontrou.

Goethia - Final Lines - subtitulada

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus


O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, é um filme genial, dirigido por Terry Gilliam. Parnassus, dono de uma trupe de teatro e contador de história conduz o público através de um espelho mágico. Além dele integram o grupo, o mágico Anton (Andrew Garfield), Percy (Verne Troyer) o anão e Valentina (Lily Cole). Eles oferecem ao público um espetáculo irresistível através do referido espelho mágico, onde há um mundo fantástico, um mundo que transcende a realidade. Colorido em alguns momentos e sombrios em outros. Os personagens do filme são fascinantes, como a figura do diabo, alguns filmes retratam o diabo de forma engraçada como no filme “O Alto da Compadecida”, na parte do julgamento de João Grilo, em “O Homem que desafiou o Diabo” além de ter chifres, veste terno branco e dança de forma muito engraçada. No seriado “Hoje é Dia de Maria” o diabo é sedutor e hilário, na figura engraçada ele aparece untado, tem chifre e da cintura para baixo parece um bode.  
Retornando ao filme, as imagens mostradas no mundo imaginário são muito doidas, como o diabo que se levanta da água em forma de serpente, escadas que alcançam o céu, sapatos femininos gigantes, policiais bailarinos, balões coloridos com cabeças engraçadas... Enfim, cenas maravilhosas. Outra cena interessante que destacaria, foi à cena das bocas chupadas, quando o diabo procura Parnassus em seu Templo. Neste momento Parnassus (Christopher Plummer) faz um pacto em troca da imortalidade, sempre a imortalidade tão desejada em inúmeros filmes, “o elixir da imortalidade, a panacéia universal buscada pelos alquimistas que poderia curar todas as doenças, prolongando a vida indefinidamente”. Enfim, Parnassus pensa que pode enganar o Diabo (Ton Waits), e o preço pela imortalidade é uma filha ao completar 16 anos, que vem a ter ao conhecer a mulher por quem se apaixona. Nick, o diabo, volta para cobrar a dívida, Parnassus desesperado começa a beber. Valentina, a filha, esconde do pai o sonho de ter uma casa normal, com filhos. Parnassus temendo perdê-la para o diabo tenta uma última jogada para manter com ele, Delicinha, como se refere a ela, cinco almas antes do aniversário dela e tem apenas três dias para conseguir.
Com a ajuda do encantador e astuto Tony (Ledger, Depp, Law, Farrel) atores fantásticos, principalmente Johnny Depp que tenho uma admiração em particular, o estranho, Tony, pendurado pelo pescoço em uma ponte de Londres que depois passa a integrar o grupo de Parnassus. Com sua astúcia vai ajudando a recolher as almas com a promessa de se casar com ela. Anton, apaixonado por Valentina sofre ao vê-la iludida com o forasteiro e tenta dizer a ela quem ele realmente é.   
O final é surpreendente, Valentina realiza seu sonho de ter uma família e Parnassus, o pai depois de uma trajetória lamentável volta a vê-la e a deixa seguir sua vida, passa a trabalhar com o anão. O Diabo aparece no final dando a entender que Parnassus e ele continuam a competir.  
Outra coisa bastante presente no filme, são os símbolos ocultistas, como na fachada do teatro. Estrategicamente acima das cabeças, bem no centro, o terceiro olho, o olho que tudo vê. Símbolo que para algumas religiões significa visão interior e poder. Pilares maçônicos, elefantes indianos, o xadrez tridimensional que conduz ao espelho mágico, mostrado na cena quando renovam as apresentações. Vale a pena conferir o filme.   

THE L WORD - SHANE - " The face of an angel "

the l word - shane - jenny deleted scene