sábado, 14 de maio de 2011

Reflexões

De meu pai Roque

Cansado de tanto andar, detive-me um dia
À margem do mundo e contemplei
O louco carrossel da vida.
Vi lágrimas rolarem do alto das ilusões humanas
E ouvi risos cristalinos brotarem de bocas inocentes
Vi sôfregos anciões no afã de viver
E jovens determinados a morrer
Vi foguetes cortarem o espaço,
Quais flechas prateadas, em busca da morte.
Vi cruzes quebradas à beira da estrada
Ouvi frases perdidas no eco do tempo,
Vindas de longe.
Ouvi vozes serenas de velhos sábios
E ouvi os sábios da Nova Era.
Contemplei de perto o judeu errante
E o beduíno solitário, filho do deserto.
Vi cristo vilipendiado pelas gerações
E o calvário da hecatombe atômica...
Então chorei sobre a poeira dos séculos
E as fronteiras dos homens.
Que será do mundo! – pensei – tudo perdido!
Mas de repente, não mais que de repente,
Como se ouvindo meu íntimo gemido,
Um pequeno menino, de olhos verdes,
Da cor da esperança, achegou-se a mim
E estendeu-me as mãos macias
Eram mãos pequeninas, brancas, translúcidas,
Mãos da inocência. Eram mãos do porvir!
Ao longe, havia meninos brincando,
De todas as raças, todos sorrindo.
Vi então, ente vozes alegres
O surdo clamor de muros caindo.
Vi mãos se tocando e um outro dia...
Sorri... Sorriso que era oração,
Oração que era canção era êxtase
Saudando o novo amanhecer.